quarta-feira, 6 de abril de 2011

PALAVRA - DOM PAULO SÉRGIO - BISPO DIOC. SÃO CARLOS


A ECOLOGIA HUMANA


O Papa Bento XVI, em sua mensagem para a Campanha da Fraternidade deste ano, nos recorda que “o primeiro passo para uma reta relação com o mundo que nos circunda é justamente o reconhecimento, da parte do homem, da sua condição de criatura: o homem não é Deus, embora tenha sido criado à sua imagem e semelhança”.

De fato, o mundo só melhora com a mudança de nós mesmos. Precisamos mudar os critérios de relacionamento com Deus, conosco mesmos, com os outros e com as coisas. Descendo a escada nós podemos novamente galgá-la.

Deus, o homem, os outros e as coisas. As coisas, os outros, o homem e Deus. Como respeitar a criatura se não respeitamos o Criador? Como respeitar o Criador se não respeitamos a criatura? O homem só será capaz de respeitar as criaturas na medida em que tiver respeito pela vida. Em todos os sentidos e em todos os níveis: vida humana, vida animal, vida mineral, vida vegetal.

Caso contrário, será levado a desprezar-se a si mesmo e aquilo que o circunda, a não ter respeito ao ambiente em que vive, respeito pela criação.

Por isso, a primeira ecologia a ser defendida é a “ecologia humana” (cf. Bento XVI, Encíclica Caritas in Veritate, 51). Respeito à vida humana, desde a sua concepção até o seu fim natural. Senão, a defesa da vida em outros níveis será artificial, momentânea, somente enquanto convém.

É preciso considerar e observar a hierarquia de valores.

Ter, poder e prazer não são fins. Por isso mesmo a Igreja nos propõe os Conselhos Evangélicos: para o ter, a pobreza; para o poder, o serviço; para o prazer, a castidade. Ser pobre não é não ter; ser pobre é ter e viver como se não tivesse, mesmo porque é possível “ser sem ter”; ser obediente não é ser subserviente, é saber que o nosso poder tem limites; ser casto não é “abrir mão” da sexualidade e, sim, colocá-la como meio e não como fim.


O mundo só melhora se melhorarmos a nós mesmos.


Não há pecado social sem o pecado pessoal. Não há conversão social sem conversão pessoal. Sem conversão pessoal não há reforma na sociedade e, muito menos, na Igreja. É o que nos propõe o espírito da Quaresma, como um longo retiro, tempo de mudança e de conversão. Escutar a voz de Deus que nos convida: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc. 1,15).


A terra é a morada dos filhos de Deus. No entanto, o nosso planeta está tão maltratado por aqueles que deveriam ser os seus defensores: os homens. Depredamos o jardim e fizemos dele um deserto, árido, superaquecido, com mudanças climáticas incontroláveis. Mas ainda é tempo de recuperar alguma coisa, de consertar os estragos feitos pela mão humana.

E, novamente o Papa nos exorta e nos lembra que “cuidar do meio ambiente é um imperativo que nasce da consciência de que Deus confia a sua criação ao homem, não para que este exerça sobre ela um domínio arbitrário, mas que a conserve e cuide como um filho cuida da herança de seu pai”.


Dom Paulo Sérgio Machado

Bispo Diocesano

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